Na penteadeira com: Sara Rodrigues
- Wake up Beauty
- 23 de out. de 2019
- 3 min de leitura
“Fico contente porque cada vez mais vejo que nós maquilhadores não damos tanta importância aos padrões que a sociedade estabelece”

Em conversa com Sara Rodrigues, maquilhadora profissional, abordamos temas como a autoestima, padrão de beleza e o mundo da maquilhagem. O nosso objetivo com este encontro era perceber a visão de um profissional de beleza sobre algumas questões abordadas no último artigo. Sara afirma que “a maquilhagem pode fazer tudo pela autoestima de uma mulher”, no entanto, acredita que “aquilo que importa é a pessoa se sentir realmente bem consigo mesma”.
O que achas que a maquilhagem pode fazer pela autoestima da mulher?
Acredito que a maquilhagem é uma ferramenta que ajuda na autoestima da mulher, porém não é o elemento principal para que uma mulher se sinta bem consigo mesma. A maior parte das pessoas com quem me cruzo, tanto a nível profissional como a nível pessoal, dizem-me muitas vezes “gosto muito mais de me ver com eyeliner”. A minha opinião acerca disso é que não há problema se eu gosto mais de me ver com eyeliner ou sem ele, o importante mesmo é gostar. O essencial é a pessoa estar bem psicologicamente e aceitar-se como é, com ou sem maquilhagem.
Qual achas que é a relação das tuas clientes com a autoestima?
As minhas clientes, assim como todas as pessoas têm inseguranças. É algo normal, todos nós as temos, não penso que seja por usar mais ou menos maquilhagem que as deixemos de ter, as inseguranças estão lá, mas de uma certa forma camufladas. No entanto, em complemento, acho que o mais importante é a pessoa trabalhar o seu processo de aceitação.

A principal barreira que dificulta a autoestima das pessoas é o padrão de beleza que a sociedade impõe, tentamos perceber a opinião da especialista do mundo da beleza sobre esse problema, como realmente afeta a imagem que as pessoas têm sobre elas mesmas.
O padrão de beleza influencia o teu trabalho?
Penso que o padrão de beleza influencia sempre tudo o que está de uma certa forma ligado á beleza, porém tento sempre ressaltar a beleza única de cada indivíduo. Claro que sempre adapto as tendências do momento às minhas maquilhagens, mas tento sempre respeitar os traços próprios de quem maquilho.
E qual é a tua opinião sobre este padrão que a sociedade estabelece? E como os maquilhadores trabalham com isso?
Como em qualquer arte, cada maquilhador tem a sua forma de se expressar. Fico contente porque cada vez mais vejo que, nós maquilhadores, não damos tanta importância aos padrões que a sociedade estabelece. No mercado percebe-se uma grande mudança que está a começar a gerar uma quebra da ideia que só existe um tipo de beleza. No meu trabalho tento sempre realçar a beleza de cada um e mostrar que todos podemos ser bonitos com a nossa essência, o exterior nem sempre é o mais importante.
Nota-se muito a ascensão de rapazes que se maquilham, principalmente nas redes sociais, indo contra a ideia que a maquilhagem é uma atividade feminina. Tentamos perceber com a Sara se isso já tem influência na variedade dos seus clientes.
O que achas sobre rapazes usarem maquilhagem?
Já maquilhei homens, no entanto é sempre uma minoria. Não me faz qualquer tipo de confusão maquilhar um homem. Se nós podemos esconder o que menos gostamos para nos sentirmos mais confiantes, porque é que eles não podem?
Depois desta conversa, foi possível perceber que a maquilhagem é parte frequente da rotina de beleza de muitos. Além de ser uma parte importante na autoestima, não é e não pode ser a parte mais relevante da equação. O importante é a maquilhagem ser uma ferramenta para melhorarmos a nossa confiança, sem ser usada de forma que as pessoas dependam dela para se sentirem bem e empoderadas. O verdadeiro empoderamento é tu te aceitares de qualquer forma que sejas.
Comentários